100 Momentos olímpicos
001 - O corredor grego Spyridon Louis se transformou em herói nacional após vencer a maratona das Olimpíadas de Atenas de 1896, os primeiros Jogos Olímpicos modernos. Contudo, ele venceu a corrida em um estilo pouco convencional.
Dezessete atletas competiram no total, sendo que 14 deles eram da Grécia.
Diz a lenda que Louis, apesar de estar sendo seguido de perto por Albin Lermusiaux, da França, e Edwin Flack, da Austrália, parou em um bar local no meio da corrida para tomar um drinque.
Quando terminou sua bebida, ele teria declarado aos presentes que venceria a corrida.
Para o delírio dos milhares de torcedores que assistiam o evento no estádio, entre eles a Família Real Grega, foi exatamente isso que ele fez.
002 - James Connolly garantiu seu lugar na história das Olimpíadas em 6 de abril de 1896, quando fez a marca de 13,71 metros no salto triplo, o que lhe garantiu o ouro em Atenas.
A vitória do americano fez com que ele se tornasse o primeiro campeão dos Jogos Olímpicos modernos.
Connolly, que também conquistou a medalha de ouro no salto em altura, além de ganhar a medalha de bronze no salto à distância, era um estudante universitário de 27 anos da Universidade de Harvard.
Seu pedido de licença para se ausentar de Harvard foi recusado e, então, ele abandonou a universidade para poder competir pelo seu país.
Connolly voltou às Olimpíadas quatro anos depois, em Paris, para defender seu título no salto triplo, mas conseguiu apenas a medalha de prata.
003 - As mulheres competiram pela primeira vez nas Olimpíadas em Paris, em 1900, e a distinção de ser a primeira campeã das Olimpíadas ficou com a tenista britânica de 29 anos, Charlotte Cooper.
A atleta de Ealing na Inglaterra derrotou a campeã francesa, a favorita Helena Prevost, ganhando todos os sets e conquistando o ouro na prova individual feminina.
Ela continuou a competição, vencendo sua segunda medalha de ouro para o Reino Unido ao lado de Reggie Doherty, nas duplas mistas.
Foi a única participação de Cooper nas Olimpíadas, mas, fora dos jogos, ela foi coroada cinco vezes campeã das individuais em Wimbledon, sendo que o último de seus títulos veio em 1908, quando tinha 37 anos.
Um ano após seu duplo sucesso em Paris, Cooper se casou com Alfred Sterry que, posteriormente, tornou-se presidente da Lawn Tennis Association. Ela mudou seu nome para Charlotte Sterry.
004 - As conquistas esportivas de George Eyser o tornam um dos maiores atletas olímpicos de todos os tempos. O americano ganhou três medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze no mesmo dia em St Louis, em 1904.
No entanto, o fato de ele estar competindo com uma perna de pau torna sua conquista ainda mais extraordinária. Ele havia perdido sua perna esquerda na infância, ao ser atropelado por um trem.
Uma de suas medalhas de ouro foi na prova de salto, um evento que, naquela época, incluía saltar por cima de um cavalo de pau, sem a ajuda de um trampolim.
Nascido na Alemanha, Eyser imigrou para St Louis e se tornou cidadão americano em 1984.
005 - Nos Jogos Olímpicos de 1904, em St Louis, o pugilista de Nebraska Oliver Kirk alcançou um feito olímpico no ringue que, certamente, nunca será repetido.
Kirk se tornou o primeiro e único boxeador a conquistar duas medalhas de ouro em duas classes de peso diferentes na mesma Olimpíada.
Ele começou nocauteando o conterrâneo americano George Finnegan, que era único outro competidor na categoria peso-galo.
Kirk prosseguiu declarando-se disponível para a divisão peso-pena, quando descobriu que apenas outros dois boxeadores estavam participando.
O atleta de 20 anos conquistou a medalha de ouro após os juízes proclamarem sua vitória contra outro americano, Frank Haller.
006 - A maratona dos Jogos de Londres de 1908 foi diferente em dois sentidos. O percurso foi aumentado para 42,195 km, para assegurar que a linha de chegada ficasse na frente dos assentos reais. A corrida em si também foi singular.
O italiano Dorando Pietri era dado como vencedor, após ter entrado sozinho no estádio, liderando com uma certa distância. No entanto, ele caiu no chão diversas vezes e precisou ser carregado até a linha de chegada por fiscais das Olimpíadas.
Isso foi saudado pelo público presente com grande aplauso, demostrando sua empolgação, no entanto, os árbitros britânicos desqualificaram Pietri por ter recebido ajuda.
O segundo colocado, John Joseph Hayes, dos Estados Unidos, ficou com a medalha de ouro. No entanto, no dia seguinte, a Rainha Alexandra presenteou Pietri com um troféu de ouro especialmente criado em reconhecimento por seus esforços.
007 - Não foi somente do público presente que Jim Thorpe recebeu aplausos quando conquistou as medalhas de ouro no declato e pentatlo nas Olimpíadas de Estocolmo de 1912.
Quando Thorpe, descendente de nativos americanos, recebeu sua medalha de ouro pelo decatlo, no qual estabeleceu também um novo recorde mundial, o Rei da Suécia o parabenizou dizendo: 'O senhor é o maior atleta do mundo'.
No entanto, Thorpe foi forçado a devolver suas medalhas de ouro depois de ter sido visto jogando inocentemente beisebol por alguns dólares e, portanto, desobedecendo as rigorosas leis do amadorismo do atletismo da época.
Thorpe, que posteriormente jogou na principal liga de beisebol nos EUA, morreu em 1953 e foi apenas em 1982 que seu nome voltou para a lista de honra dos Jogos Olímpicos e suas medalhas foram devolvidas à sua família.
008 - Muito antes de atletas como Martina Hingins e Maria Sharapova se tornarem famosas dentro e fora das quadras, Suzanne Lenglen já havia reivindicado o título de primeira celebridade do tênis.
A estrela francesa era conhecida tanto por seu ousado estilo de se vestir quanto pelos seus maravilhosos talentos esportivos.
Entre 1919 e 1926, Lenglen era uma força invencível nas quadras e havia perdido apenas uma partida individual nesse período, além de ter vencido seis vezes em Wimbledon.
Os Jogos de Antuérpia de 1920 foram sua única participação nas Olimpíadas, mas ela, certamente, deixou sua marca ganhando a medalha de ouro nas individuais, perdendo apenas quatro games.
Ela também assegurou o ouro na competição de duplas mistas e o bronze na de duplas femininas.
009 - O competidor de tiro Oscar Swahn é dono do recorde de pessoa mais velha a participar dos Jogos Olímpicos e também de mais velho vencedor de medalhas, graças à sua participação nos Jogos de Antuérpia de 1920.
O sueco tinha 72 anos e 281 dias de idade quando ganhou a medalha de prata na modalidade masculina de tiro duplo ao veado por equipe, na Bélgica.
Swahn terminou sua carreira nas Olimpíadas com a conquista de seis medalhas de tiro no total, incluindo três medalhas de ouro, conquistadas em sua estreia olímpica nos Jogos de Londres de 1908.
Para Oscar Swahn, o sucesso nas competições de tiro é uma questão de família, pois seu filho Alfred competiu ao lado do pai em 1908, 1912 e 1920 e terminou sua própria carreira esportiva com nove medalhas, três de cada categoria.
010 - Os Jogos de 1920, em Antuérpia, foram o palco do último evento de cabo de guerra das Olimpíadas e foi a equipe británica que venceu, pela segunda vez.
Era a sexta vez que o cabo de guerra era incluído no cronograma dos Jogos e, após ter conquistado o ouro em Londres, em 1908, e a prata em Estocolmo, em 1912, a equipe britânica, mais uma vez, era a favorita.
Fredrick Humphreys, Edwin Mills e James Shepherd eram membros da equipe britânica tanto em 1908 como em 1912 e ajudaram a inspirar seus conterrâneos a vencer seis das seis partidas e garantir o ouro.
A equipe da Grã-Bretanha de seis puxadores era composta de vários policiais londrinos.
011 - Paavo Nurmi foi o melhor corredor de média e longa distância de seu tempo e seu desempenho nos Jogos de Paris, em 1924, garantiu seu legado como um dos maiores atletas olímpicos de todos os tempos.
O 'finlandês voador' não apenas ganhou a medalha de ouro nos 1.500 metros, mas triunfou também nos 5.000 metros, com menos de 90 minutos entre os dois eventos.
Além de ganhar as duas corridas, também bateu recordes mundiais.
O sucesso de Nurmi solidificou seu reconhecimento como herói olímpico e foi-lhe solicitado que acendesse a tocha Olímpica nos Jogos de Verão de Helsinque, em 1952.
012 - As conquistas de Eric Liddell nos Jogos Olímpicos de Paris de 1924 foram a inspiração para o filme Carruagens de Fogo, vencedor do Oscar.
Liddell, um cristão praticante, ficou famoso por se recusar a participar da prova dos 100 metros rasos, em 1924, porque as eliminatórias seriam realizadas no domingo. O atleta preferiu se concentrar nas provas de 200 e 400m, em Paris.
Após ganhar a medalha de ouro para o Reino Unido nos 200m rasos, o ex-jogador de rugby da Escócia venceu a prova dos 400m com grande estilo.
Liddell manteve uma alta velocidade na pista externa que o levou à vitória e a um novo recorde olímpico de 47,6 segundos. A imagem do atleta jogando seus braços no ar e deixando a cabeça cair para trás no final da corrida foi posteriormente imortalizada nas telas do cinema em 1981.
013 - As mulheres puderam competir no atletismo pela primeira vez em Olimpíadas nos Jogos de Amsterdã, em 1928.
A primeira mulher campeã a receber o título foi a americana de 16 anos Betty Robinson, que repetiu o recorde mundial oficial de 12,2 segundos na prova de 100 metros, conquistando a medalha de ouro naquele que foi apenas seu quarto evento competindo.
A canadense Myrtle Cook e a alemã Leni Schmidt foram ambas desqualificadas por queimar a largada na final e Robinson aproveitou para reivindicar a vitória, antes de também ganhar a medalha de prata no revezamento 4x100m.
A adolescente se preparou para os Jogos treinando em uma pista de 400 metros montada no deck do navio que transportava a equipe americana para a Holanda.
Em 1931, Robinson sofreu um grave acidente de avião que quase a matou, mas ela conseguiu se recuperar e nas Olimpíadas de 1936, em Berlim, ganhou o ouro no revezamento para os EUA.
014 - Bertil Sandstrom voltou à arena olímpica de adestramento em 1932 e sua intenção era adicionar mais medalhas à sua coleção.
O sueco havia conquistado a medalha de prata na prova masculina individual de adestramento tanto nos Jogos de 1920, em Antuérpia, quando nos Jogos de 1924, em Paris.
Em Los Angeles, oito anos depois, Sandstrom parecia que repetiria o feito, após terminar a competição equestre em segundo lugar, atrás do francês Xavier Lesage.
No entanto, posteriormente, ele foi desqualificado e rebaixado para o último lugar por ter produzido um som de estalo, para incentivar seu cavalo. Sandsreom apelou contra a decisão perante o Tribunal de Recursos, dizendo que o barulho foi confundido com o rangido da sua sela, mas seu protesto não foi aceito.
Apesar de ter sido rebaixado à décima colocação, Sandstrom ainda ganhou a terceira medalha de sua carreira, pela competição por equipe.
015 - Os Jogos Olímpicos de Berlim de 1936 eram para ser o palco de Adolf Hitler.
O líder nazista acreditava que aquela era sua chance de mostrar ao mundo o quão poderosa era a Alemanha, mas, ao invés disso, foi o americano Jesse Owens que roubou o espetáculo.
Embora, ao término dos Jogos, a Alemanha tenha ficado com o maior número de medalhas, foi o afro-americano Owens - conhecido como 'Buckeye Bullet' - que ficou na memória de todos, após ter conquistado medalhas de ouro nos 100 e 200 metros rasos, no revezamento 4x100m e no salto à distância.
Em uma época em que, em muitas partes dos Estados Unidos, os negros ainda não tinham igualdade de direitos, o sucesso de Owens foi uma vitória contra o racismo, pois o atleta voltou para casa como um herói nacional.
016 - Sohn Kee-Chung venceu a maratona masculina nos Jogos Olímpicos de Berlim de 1936, apesar do coreano ser integrante da equipe japonesa.
Naquela época, a Coreia era uma colônia do Império Japonês e, portanto, Sohn recebeu instruções para competir sob o nome japonês de Son Kitei.
Sohn ganhou a maratona estabelecendo um recorde olímpico de 2 horas, 29 minutos e 19,2 segundos. Seu compatriota coreano Nam Sung-Yong ganhou o bronze, também com as cores do Japão.
Durante os Jogos, Sohn afirmou repetidas vezes que era coreano e não japonês e até assinava seu nome com caracteres coreanos, mas, até hoje, o Japão ainda é creditado com a duas medalhas conquistadas por Sohn e Nam.
Quando a Coreia teve a primeira oportunidade de receber os Jogos em seu país, nas Olimpíadas de Seul de 1988, Sohn, então com 76 anos, teve a honra de carregar a tocha Olímpica até o estádio durante a cerimônia de abertura.
Fanny Blankers-Koen é a prova de que 'quem espera sempre alcança'.
017 - A atleta holandesa competiu pela primeira vez nas Olimpíadas de Berlim, em 1936, terminando em sexto lugar no salto em altura. Então, sua carreira foi interrompida devido à Segunda Guerra Mundial e, quando os Jogos foram finalmente reiniciados em Londres, em 1948, Blankers-Koen tinha 30 anos e dois filhos.
Muitos acreditavam que seria muito difícil para ela vencer e alguns até sugeriram que ela deveria ter ficado em casa para cuidar de sua família. Mas Blankers-Koen desafiou as desvantagens e saiu vitoriosa em quatro modalidades, assegurando o ouro nos 100 metros, 200m, 80m com obstáculos e revezamento 4x100m.
Poderia ter sido ainda melhor, mas um conflito de horários impediu que ela tivesse a oportunidade de competir no salto à distância e no salto em altura, modalidades em que ela tinha obtido recordes mundiais.
Ao ganhar sua primeira medalha de ouro, nos 100 metros rasos, ela se tornou a primeira atleta olímpica holandesa a ganhar no atletismo e ganhou o apelido de a 'Dona de Casa Voadora'.
018 - A gloriosa história olímpica de Karoly Takacs é simplesmente fenomenal. O atleta húngaro ganhou a medalha de ouro em tiro nos Jogos de Londres de 1948 e nos Jogos de Helsinque, em 1952, mas isso é apenas metade da história.
Takacs serviu como sargento do Exército Nacional da Hungria, uma função que impediu que ele competisse nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936.
Seu sonho de participar do maior palco do esporte pareceu chegar ao fim quando uma granada explodiu em sua mão direita durante um exercício do exército, em 1938.
No entanto, ele se recusou a desistir e treinou muito para usar sua mão esquerda para atirar. Consta que ele treinava em segredo para aperfeiçoar sua nova técnica e, em 1948, Takacs garantiu a medalha de ouro na modalidade de pistola de tiro rápido a 25 metros, estabelecendo um novo recorde mundial.
Quatro anos depois, ele defendeu com sucesso seu título e se tornou o primeiro competidor a vencer duas vezes na modalidade de pistola de tiro rápido.
019 - O atleta tcheco Emil Zatopek está entre os maiores corredores de distância de todos os tempos devido a seu desempenho em Helsinque, onde ganhou, nada mais nada menos, três medalhas de ouro em oito dias.
Tendo conquistado seu primeiro título olímpico nos 10.000 metros em Londres, quatro anos antes, ele acrescentou mais medalhas à sua coleção ganhando as corridas de 5.000 e 10.000 metros em Helsinque, em 1952.
De forma extraordinária, ele assegurou sua última medalha decidindo, em cima da hora, competir em uma maratona pela primeira vez em sua vida.
Esse foi um feito que, provavelmente, nunca será repetido e que foi conquistado apesar do seu estilo diferente de correr, em desacordo com aquilo que era considerado o mais eficiente naquela época.
Zapotek era conhecido por treinar em qualquer tipo de clima, muitas vezes treinando com pesadas botas de trabalho, ao invés de tênis para corridas.
020 - O fortíssimo gancho de esquerda de um dos melhores atletas da Suécia, Ingemar Johnansson, rendeu-lhe o apelido de o 'Martelo de Thor'. E foi esse gancho, assim como sua habilidade natural no pugilismo, que ajudou o atleta a vencer a final dos peso-pesados nos Jogos de Helsinque de 1952.
No entanto, na final olímpica, o boxeador nascido em Gothenburg foi desqualificado na segunda rodada, por fugir do seu oponente e não 'estar se esforçando suficientemente'.
Johansson sempre protestou sua inocência, dizendo que estava tentando cansar o americano Ed Sander e não fugir dele. Em 1982, 30 anos depois, o Comitê Olímpico Internacional, anulou sua decisão e concedeu ao boxeador sua medalha de prata.
Sete anos após os Jogos Olímpicos, Johansson se tornou o campeão mundial dos peso-pesados noucateando Floyd Patterson, em 1959.
021- Nos Jogos de Melbourne de 1956, Laszlo Papp se tornou o primeiro pugilista da história a conseguir três medalhas de ouro consecutivas nas Olimpíadas.
O húngaro havia conquistado o título de peso-pesado aos 22 anos de idade, em 1948 e, depois disso, vencido na modalidade de peso meio-médio ligeiro em Helsinque, quatro anos mais tarde.
Posteriormente, ele registrou uma de suas mais fantásticas vitórias em um ringue olímpico, defendendo seu título em 1956 e derrotando o desafiante americano Jose Torres que, mais tarde, se tornaria o campeão mundial peso-pesado ligeiro da WBC e WBA.
A fama de Papp fez com que ele se tornasse o único pugilista profissional de um país comunista na época. O atleta canhoto ainda venceu o título europeu antes de os oficiais húngaros reverterem a decisão para impedir que ele lutasse como profissional, em 1965.
022 - Antes das Olimpíadas de Roma, em 1960, nada sugeria que Abebe Bikila estava prestes a fazer história, mas o etíope se tornou o primeiro maratonista americano a vencer a medalha de ouro e, com isso, alcançar um recorde mundial.
Na Itália, ele somente pode participar porque substituiu seu compatriota Wami Biratu, forçado a se retirar devido a um tornozelo quebrado.
Era apenas a terceira vez que Bikila corria essa distância e, fato ainda mais surpreendente, ele fez a corrida com os pés descalços, por cima dos paralelepípedos da capital italiana, pois seus pés não cabiam confortavelmente em seu tênis.
Quatro anos depois, Bikila repetiu o feito em Tóquio, mas, dessa vez, usando tênis. Com isso, ele se tornou o primeiro atleta da história a vencer uma Maratona Olímpica duas vezes.
023 - Hoje em dia parece difícil acreditar, mas, em 1960, quando competiu nas Olimpíadas de Roma como peso pesado ligeiro, o legendário Muhammad Ali era apenas um jovem de 18 anos pouco conhecido, com o nome de Cassius Clay.
No entanto, como um sinal daquilo que ainda estava por vir, ele conquistou facilmente todas suas quatro lutas e assegurou a medalha de ouro derrotando na final Zbigniew Pietrzykowski, tricampeão europeu.
O precoce jovem americano ficou tão feliz que usou sua medalha de ouro por dois dias, mas Ali revelou porteriormente, em sua autobiografia de 1975, que a jogou no Rio Ohio depois que funcionários de um restaurante exclusivo para brancos se recusaram a servi-lo.
Ele foi condecorado com uma medalha substituta pela equipe americana de basquete nos Jogos de Atlanta em 1996, onde ele acendeu a tocha na abertura dos Jogos.
024 - Larysa Latynina se destaca como a atleta olímpica mais condecorada de todos os tempos até Londres 2012, com 18 medalhas obtidas entre 1956 e 1964.
A ginasta soviética se apresentou no palco olímpico aos 21 anos com medalhas de ouro nas modalidades geral individual e geral em equipe, bem como no salto sobre o cavalo e solo nos Jogos Olímpicos de Melbourne de 1956.
Latynani venceu a série no solo e a competição geral em equipe nas suas três participações em Olimpíadas, terminando sua carreira com o resultado extraordinário de nove medalhas de ouro, cinco de prata e quatro de bronze.
Latynina se aposentou após o Campeonato Mundial de 1966 e se tornou treinadora da equipe nacional de ginástica artística da União Soviética, posição que ela exerceu até 1977.
025 - Dawn Fraser se tornou a primeira nadadora a ganhar três medalhas de ouro consecutivas no mesmo evento de natação nos Jogos de Tóquio, em 1964.
A terceira vitória consecutiva da australiana na prova de 100 metros estilo livre também trouxe um novo recorde olímpico.
Mas, seu desempenho em 1964 é lembrado tanto pelas suas conquistas quebrando recordes, quanto pelas suas travessuras fora da piscina.
Durante os Jogos do Japão, Fraser recebeu uma longa suspensão da União Australiana de Natação por mau comportamento.
Além de vestir o traje de banho errado, para irritar os patrocinadores da equipe e também marchar na cerimônia de abertura em desacordo com as ordens da equipe, Fraser teria nadado em um fosso durante a noite, pretendendo roubar a bandeira olímpica do lado de fora do palácio do Imperador Hirohito.
026 - As Olimpíadas de 1968 serão sempre lembradas pelas ações dos atletas afro-americanos Tommie Smith e John Carlos.
Na cerimônia de premiação, após terem garantido as medalhas de ouro e bronze nos 200 metros rasos, os dois abaixaram suas cabeças e levantaram seus punhos com luvas, símbolo do movimento 'Black Power', durante a execução do hino nacional americano.
Eles também vestiam meias pretas, sem sapatos. Era um protesto contra o racismo nos EUA e tornou-se uma das imagens mais emblemáticas da história das Olimpíadas.
Suas ações foram recebidas como uma afronta e ambos foram suspensos do equipe americano. Mas foi um marco no movimento dos direitos civis nos EUA e os dois atletas foram homenageados em 1998, no aniversário de 30 anos de seu protesto.
027 - O nome de Dick Fosbury continua vivo após ele ter transformado o esporte do salto em altura, virando-o literalmente de cabeça para baixo nas Olimpíadas da Cidade do México, em 1968.
Sendo um jovem atleta do salto em altura no início da década de 60, Fosbury tinha dificuldades em aprimorar a técnica padrão da época conhecida como 'straddle'. Enquanto algumas pessoas poderiam ter desistido, ele decidiu criar sua própria técnica.
O resultado foi extraordinário. Ele começou a correr em direção à barra, de costas para ela, realizando um chute tesoura modificado pulando e inclinando-se por cima da barra de costas e horizontalmente ao solo. Era uma técnica pouco ortodoxa, mas funcionou.
A técnica ficou conhecida como 'flop' ou 'estilo fosbury' e o atleta americano causou uma sensação quando ganhou a medalha de ouro no México, estabelecendo um novo recorde olímpico de 2,24 metros. Sua técnica foi posteriormente adotada pela maioria dos saltadores em altura.
028 - Em 1968, o atleta americano Bob Beamon flutuou no ar na Cidade do México, batendo o recorde mundial do salto à distância em 8,90 metros, quebrando o recorde mundial em longos 55cm e assegurando seu lugar na história das Olimpíadas.
Beamon não estava acostumado com o sistema métrico de medição. Ao ouvir sua distância não entendeu que havia batido o recorde e sua conquista teve que ser explicada por seu colega de equipe.
Ao se dar conta de seu feito, Beamon ficou tão emocionado que caiu ao chão, com as mãos no rosto.
Seu recorde foi mantido por 23 anos, antes de ser finalmente quebrado por Mike Powell, que saltou 8,95m no Campeonato Mundial de Tóquio, em 1991.
Entretanto, Beamon ainda é dono do recorde Olímpico e, mais de 40 anos depois, seu salto continua a ser o segundo salto mais longo com vento dentro dos limites legais de todos os tempos.
029 - A vitória de Al Oerter na competição masculina de disco, nos Jogos da Cidade do México de 1968, garantiu o lugar do lançador americano na história das Olimpíadas.
O astro dos EUA já havia conquistado o ouro em 1956, 1960 e 1964 e, ao ganhar seu quarto título consecutivo, ele se tornou a primeira pessoa a conquistar esse feito.
Oerter era famoso por seu espírito de competitividade e, na verdade, ele não era o favorito para ganhar o ouro em suas três primeiras participações em Olimpíadas, em 1956, 1964 e 1968. No entanto, em cada uma dessas ocasiões, ele respondeu com seu melhor desempenho pessoal, conquistando o ouro.
Em 1968, o americano estabeleceu um recorde olímpico com 64,78 metros, conquistando quatro ouros consecutivos.
Oerter se aposentou em 1969, mas voltou em 1977 e, três anos depois, conquistou um novo recorde pessoal de 69,47m, aos 43 anos de idade.
030 - O americano Lee Evans se tornou o primeiro homem a correr os 400 metros da pista em menos de 44 segundos, garantindo a medalha de ouro e um novo recorde mundial nos Jogos de 1968.
Evans havia estabelecido um recorde mundial de 44,06 segundos nos estágios preparatórios para as Olimpíadas e se saiu melhor ainda na final dos Jogos da Cidade do México, marcando 43,86 segundos - um tempo que, há 20 anos, ainda não foi superado.
Ele liderou um pódio totalmente americano e, com seus conterrâneos afro-americanos Larry James e Ron Freeman, o trio recebeu suas medalhas usando boinas em homenagem ao partido dos Panteras Negras.
Seu gesto aconteceu nos mesmos Jogos em que Tommie Smith e John Carlos fizeram a saudação 'Black Power' no pódio, após a prova dos 200 metros rasos.
Evans, com 21 anos na época, também ganhou ouro no revezamento 4x400m, sendo o último homem a correr pela equipe americana, estabelecendo um novo recorde mundial.
31 - A final masculina entre os Estados Unidos e a União Soviética nas Olimpíadas de 1972 é uma das maiores controvérsias esportivas de todos os tempos.
Os americanos nunca haviam perdido uma partida olímpica e, faltando três segundos para terminar o jogo, Doug Collins encestou dois lances livres, colocando seu time à frente, com um placar de 50-49.
Na mesma, hora, a União Soviética tentou pedir tempo, mas o pedido só foi concedido quando faltava um segundo para terminar a partida. O relógio foi acertado para 0:03, mas exibiui 0:50 e os americanos comemoraram quando os três segundos passaram.
No entanto, devido ao mal funcionamento do relógio, os árbitros precisaram reprogramar novamente os três segundos de jogo.
Então, o time soviético fez uma cesta, alterando o placar para 51-50 e os americanos protestaram em vão. Até hoje, quarenta anos depois, nenhum jogador do time dos EUA pegou suas medalhas de prata que permanecem em um cofre na Suíça.
032 - O nadador dos EUA Mark Spitz prometeu, antes dos Jogos de Munique de 1972, que ganharia seis medalhas de ouro, mas, no final, ele fez ainda melhor, assegurando sete medalhas de ouro e, com isso, estabelecendo sete novos recordes mundiais.
Ele triunfou nos 100 e 200 metros estilo livre, nos 100m e 200m borboleta, nos revezamentos 4x100m e 4x200m estilo livre e no revezamento 4x100m medley.
Já tendo conquistado várias medalhas de ouro, Spitz mostrou-se inicialmente relutante em nadar os 100m estilo livre, temendo não conseguir ficar em primeiro. Contudo, esses pensamentos foram rapidamente descartados, pois ele completou mais uma vitória com seu percurso extraordinário.
Seu desempenho lhe deu o título de melhor desempenho individual das Olimpíadas, mas esse recorde foi quebrado em 2008, quando seu conterrâneo, o nadador americano Michael Phelps, ganhou oito medalhas de ouro nos Jogos de Pequim.
033 - O mundo assistiu horrorizado quando oito terroristas do grupo terrorista palestino Setembro Negro realizou um ataque contra atletas israelenses desarmados nas Olimpíadas de Munique, em 1972.
Dois atletas israelenses foram mortos no ataque inicial, enquanto nove outros foram mortos durante uma tentativa de resgate fracassada das autoridades alemãs em um campo de aviação. Os eventos fora da arena esportiva dominaram as manchetes.
Um policial alemão também morreu no tiroteio entre os terroristas e a polícia alemã, enquanto cinco terroristas palestinos foram mortos e três detidos.
O evento foi captado pela imprensa internacional e ofuscou os Jogos Olímpicos, marcando aquilo que muitos ainda consideram o renascimento do terrorismo internacional.
034 - Olga Korbut deixou sua marca única na história das Olimpíadas nos Jogos de 1972 e não apenas por ter ganhado três medalhas de ouro e uma de prata.
A ginasta soviética surpreendeu o público com suas habilidades e carisma em Munique, vencendo duas finais individuais em aparelhos, na trave olímpica e na série no solo, bem como uma medalha de ouro na modalidade geral em equipe e uma de prata nas barras assimétricas.
Korbut criou dois movimentos ousados e tecnicamente difíceis que nunca haviam sido vistos antes e que, mais tarde, ficaram conhecidos como 'backflip Korbut' nas barras assimétricas e 'salto Korbut' na trave.
Era um prazer assistir o sorriso vencedor da atleta de 17 anos de idade e isso ajudou a atrair a atenção de grandes públicos no mundo todo e aumentar a popularidade do esporte.
035 - Com apenas 16 anos e 123 dias de idade, em 1972, Ulrike Meyfarth se tornou a atleta mais jovem da história a ganhar uma medalha na programação de atletismo.
A saltadora em altura da Alemanha Ocidental participou de uma das finais olímpicas mais longas jamais ocorridas, pois, das 40 atletas, 23 se qualificaram para a final.
Mas, perante um público que torcia em casa, em Munique, a técnica 'salto de Fosbury' utilizada por Meyfarth foi superior à da campeã europeia Ilona Gusenbauer, da Áustria, que ainda estava usando a técnica antiga chamada 'straddle'.
Meyfarth venceu o ouro igualando o recorde mundial de 1,92 metros.
Em 1976, quatro anos mais tarde, em Montreal, ela não conseguiu repetir seu sucesso, mas voltou em 1984 para reconquistar seu título aos 28 anos, com um novo recorde olímpico de 2,02 metros.
036 - Antes dos Jogos de Montreal em 1976, nenhum atleta da história dos Jogos Olímpicos modernos havia conquistado uma pontuação máxima em um evento de ginástica, mas a romena Nadia Comaneci mudou esse cenário
Com 14 anos, na época, Nadia se tornou uma das estrelas dos Jogos do Canadá e ganhou fama internacional - aparecendo posteriormente na capa da revista Time - após uma pontuação perfeita de 10,00 nas barras assimétricas.
Comaneci impressionou os juízes com sua série espetacular. No entanto, tamanha era a magnitude de seu feito, que o equipamento de pontuação não estava programado para mostrar os quatro dígitos de uma pontuação de 10,00, portanto, o placar simplesmente mostrou 1,00.
Durante os Jogos, ela conquistou um total de sete 10,00 perfeitos em suas apresentações, assegurando os títulos nas modalidades geral individual, trave e barras e uma medalha de bronze no solo.
037 - O atleta ucraniano de pentatlo moderno Boris Onishchenko era considerado o melhor esgrimista da equipe da União Soviética em Montreal, em 1976.
Ele venceu o britânico Adrian Parker no primeiro combate, mas sua vitória despertou a desconfiança do capitão britânico Jim Fox, que assistia da lateral.
Em seu próprio combate contra Onishchenko, Fox se protegeu do primeiro golpe do ucraniano movendo-se uns 15 centímetros para trás, mas, mesmo assim, a luz do painel de marcação dos pontos se acendeu.
A espada do ucraniano foi confiscada e descobriu-se que ela havia sido modificada para enganar o sistema de pontuação, permitido que ele marcasse pontos sem tocar em seu oponente.
Ele foi desqualificado, juntamente com o resto de sua equipe, tendo sido enviado para casa em desonra.
038 - O Japão havia conquistado a medalha de ouro de ginástica artística por equipe nas quatro Olimpíadas anteriores a Montreal 1976, mas as perspectivas de ganhar a quinta medalha ficaram seriamente prejudicadas quando Shun Fujimoto quebrou a rótula durante sua série no solo.
Com apenas dois eventos para terminar a competição, a União Soviética encostou no placar, mas Fujimoto estava determinado a não decepcinar seu time. Preocupado em não abalar a moral da sua equipe, ele conseguiu esconder a gravidade da sua lesão, escondendo-a até de seu treinador e, miraculosamente, marcou 9,5 no cavalo com alças.
Inacreditavelmente, Fujimoto se superou nas alças, terminando com um salto mortal triplo em cima do seu joelho quebrado, alcançando 9,7 pontos, a melhor pontuação de sua carreira, antes de cair no chão em agonia.
Ele foi levado ao hospital para tomar analgésicos, mas os médicos ordenaram que ele não participasse mais da competição, pois correria o risco de ficar incapacitado para o resto da vida.
A extraordinária demonstração de determinação fez com que o Japão ganhasse sua quinta medalha consecutiva por equipe por apenas 0,4 pontos.
039 - Os Jogos de Moscou de 1980 marcaram o ápice de uma das maiores rivalidades do atletismo, quando Steve Ovett e Sebastian Coe se enfrentaram cara a cara nos 800 metros.
Encontrando-se pela primeira vez em uma competição internacional desde a memorável batalha da mesma modalidade, dois anos antes, no Campeonato Europeu, havia um interesse enorme em torno da dupla britânica antes das Olimpíadas, sendo que Coe, especialista em longa distância, era o favorito para ganhar o ouro.
Mas foi Ovett, grande favorito dos 1.500m, pois havia três anos que não perdia nenhuma corrida dessa distância, que fez uma corrida extraordinária, conquistando o ouro.
Embora, na metade da corrida, Ovett estivesse na sexta posição, ele disparou nos estágios finais para assegurar a medalha de ouro com uma vantagem de três metros.
Coe terminou em segundo e ficou visivelmente decepcionado. No entanto, saboreou sua vingança seis dias mais tarde, garantindo a vitória nos 1.500m e mudando a sorte de seu rival.
040 - O polonês Wladyslaw Kozakiewicz se tornou um herói nacional do dia para a noite durante as Olimpíadas de Moscou de 1980.
O atleta nascido na Lituânia foi para os Jogos como o favorito número um no salto com vara e voltou para casa com a medalha de ouro, estabelecendo o recorde mundial com o seu melhor desempenho pessoal de 5,78 metros.
Perante um público soviético hostil, Kozakiewicz, após seu último salto, fez um sinal de 'vão tomar' com seus dedos, sendo que seu gesto foi transmitido para o mundo inteiro.
Em 1980, o talentoso saltador foi nomeado atleta polonês do ano e sua saudação foi renomeada como o 'gesto Kozakiewicz' na Polônia, onde, na época, a relação com os vizinhos soviéticos estava desgastada.
041 - Em 1984, Mary Decker chegou às Olimpíadas em seu país, em Los Angeles, como uma das favoritas para a medalha de ouro na prova dos 3.000 metros.
A americana havia conquistado a medalha de ouro nessa prova no primeiro Campeonato Mundial, em 1993, onde também ficou com o título nos 1.500 metros.
Mas, na final da competição dos 3.000 metros nas Olimpíadas, Deckers e a corredora britânica nascida na África do Sul Zola Budd, que corria com os pés descalços, esbarraram uma na outra, causando a queda da americana no campo interno e encerrando sua corrida.
Aos 18 anos de idade, Budd, cuja solicitação da cidadania britânica havia sido acelerada para os jogos, porque a África do Sul estava proibida de participar devido ao regime do Apartheid, terminou ficando em sétimo lugar, depois de o público americano a ter vaiado por todo o restante da prova final.
Budd, inicialmente, foi desqualificada por ter feito Decker tropeçar, mas, com a revisão das filmagens televisivas da corrida, os oficiais resolveram cancelar a desqualificação.
042 - A prova feminina de 400 metros com obstáculos foi realizada pela primeira vez em uma Olimpíada em 1984, com a batalha pelo ouro completamente em aberto, já que a Alemanha Oriental e a União Soviética estavam boicotando os Jogos.
Nawal El-Moutawakel fez uma corrida perfeita na pista número três, conquistando uma surpreendente vitória em 54,61 segundos, tornando-se a primeira campeã olímpica marroquina.
Ainda mais significativo foi o fato de ela também ser a primeira mulher de um país muçulmano a ganhar a medalha de ouro em uma Olimpíada.
Desde seu triunfo, El-Moutawakel vem abrindo o caminho para promover os benefícios do esporte para mulheres muçulmanas e se tornou também membro do Comitê Olímpico Internacional (COI). Ela foi presidente da Comissão de Avaliação do COI para os Jogos de 2012, que serão realizados em Londres.
043 - O Paquistão ganhou a primeira medalha de ouro no hóquei em Los Angeles, após ter vencido a Alemanha Ocidental na primeira final masculina, indo para a prorrogação.
O Paquistão já havia derrotado a Austrália nas semi-finais, sendo que a Alemanha Ocidental havia vencido a equipe britânica, antes de os dois times se enfrentarem no Weingart Stadium.
Os paquistaneses saíram vitoriosos com um placar de 2 a 1 após 82 minutos de jogo.
Kalimullah Khan foi responsável pelo gol decisivo a apenas 3 minutos do final da prorrogação. O placar se mantinha, até então, em 1 a 1, após os gols no segundo tempo de Michael Peter e Hassan Sardar.
O resultado fez com que o Paquistão conquistasse a Tríplice Clássica com os troféus das três competições mais importantes, pois também haviam sido campeões no Campeonato Mundial e nos Jogos Asiáticos de 1982.
044 - Por algumas horas, em Seul 1988, Ben Johnson foi o campeão olímpico mais rápido entre todos os homens na história. Ele havia arrasado seus rivais, incluindo o legendário atleta americano Carl Lewis, arrebatando sua vitória na final dos 100 metros rasos, em apenas 9,79 segundos.
O canadense previu que seu recorde mundial duraria 50 anos, talvez 100, após eliminar quatro centésimos de segundo de seu recorde anterior.
Logo depois, no Laboratório de Controle de Doping do Centro Olímpico, perto do local onde Johnson havia recebido sua medalha, sua amostra de urina indicou a existência do proibido esteróide anabolizante estanozolol.
Johnson foi acordado de madrugada para receber a informação de que estava sendo mandado embora. Inicialmente, ele protestou sua inocência e disse que alguém devia ter colocado a substância em seu chá, mas o COI não aceitou essa desculpa.
Sua medalha de ouro foi confiscada e Lewis foi nomeado o novo campeão. Johnson cumpriu uma suspensão de dois anos.
Ele competiu na Olimpíada seguinte, após ter cumprido sua suspensão, mas não conseguiu chegar às finais. Posteriormente, foi suspenso permanentemente, depois de os testes darem positivo novamente, em 1993.
045 - Soltar pombas brancas após acender a chama Olímpica foi uma tradição que perdurou até 1988, quando deu tudo errado em Seul, de forma terrível.
As pombas, usadas como um símbolo da paz, foram inexplicavelmente soltas antes de a chama ser acesa e algumas delas pousaram no caldeirão.
Elas ainda estavam lá quando o trio de coreanos Chung Sun-Man, Sohn Mi-Chung e Kim Won-Tak ergueram suas tochas e acenderam a grande chama.
Algumas pombas voaram em uma fuga frenética, outras não foram tão felizes e foram queimadas vivas, enquanto o mundo assistia horrorizado.
Grupos de direitos animais ficaram indignados e, por razões óbvias, os pássaros não são mais soltos nas cerimônias de abertura.
046 - O americano Greg Louganis era o favorito absoluto para ganhar a medalha de ouro nos saltos ornamentais nos Jogos de Seul de 1988.
Seu armário de troféus já contava com duas medalhas de ouro das Olimpíadas de 1984, em Los Angeles, bem como dois títulos de vencedor do Campeonato Mundial de 1986.
No entanto, na rodada preliminar em Seul, quando realizava um salto mortal duplo-e-meio, Louganis bateu sua cabeça contra o trampolim, caindo inanimado na água.
Sob o olhar do público chocado, Louganis conseguiu sair da piscina, mas caiu ao chão, obviamente com muita dor.
Louganis precisou levar pontos na cabeça e sofreu concussões, mas, mesmo assim, terminou a rodada preliminar 35 minutos mais tarde. No dia seguinte, ele completou todos seus saltos de forma impecável e foi coroado campeão olímpico.
Por sua bravura e coragem em concluir a competição, ele recebeu o Prêmio do Espírito Olímpico do Comitê Olímpico dos EUA e da Maxwell House, com uma homenagem como a 'pessoa que melhor demonstrou os ideais do espírito olímpico'.
047 - Seis dias após perder nos metros finais para a grande rival Tatyana Samolenko, da União Soviética, na final dos 3.000 metros, Paula Ivan fez história nos Jogos de Seul de 1988.
A atleta romena se recuperou de sua medalha de prata com uma extraordinária vitória que lhe garantiu a medalha de ouro nos 1.500m.
Ivan deixou a campeã mundial da época, Samolenko, bem atrás na conquista pelas outras medalhas, ao estabelecer um novo recorde Olímpico de 3 minutos e 53,96 segundos na Coreia do Sul.
Sua margem de vitória de quase sete segundos foi a maior de todas as Olimpíadas e, desde então, ainda não foi superada.
048 - Jackie Joyner-Kersee foi uma das grandes estrelas que surgiram nos Jogos Olímpicos de Seul de 1988.
A americana tinha conquistado a medalha de prata no heptatlo, em 1984, e deu o próximo passo quatro anos depois para ganhar o ouro em grande estilo, com um recorde mundial de 7.291 pontos no total.
Após iniciar sua busca pelo ouro na Coreia do Sul com uma extraordinária vitória na prova dos 100 metros com obstáculos, a atleta americana prosseguiu com outras pontuações altas no salto à distância, salto em altura e 200 metros rasos em seu caminho até a vitória.
Joyner-Kersee também venceu a competição de salto à distância, estabelecendo um novo recorde olímpico de 7,40 metros.
Ela conseguiu defender com sucesso o seu título no heptatlo em Barcelona, em 1992, e ganhou medalhas de bronze no salto à distância em 1992 e 1996.
049 - Muito antes de Michael Phelps quebrar o recorde de Mark Spitz de sete medalhas de ouro em uma Olimpíada, ganhando oito em Pequim, outro nadador americano quase se igualou nos Jogos de Seul de 1988.
Spitz havia conquistado sete títulos nos Jogos de Munique, em 1972, e Matt Biondi planejava fazer o mesmo na Coreia do Sul.
Biondi conseguiu garantir sete medalhas, mas apenas cinco delas foram de ouro, embora tenha estabelecido um novo recorde mundial nos 50 metros estilo livre e um recorde olímpico nos 100m estilo livre.
O californiano também obteve sucesso em três revezamentos, mas apenas conseguiu a medalha de prata nos 100 metros borboleta e o bronze nos 200 metros estilo livre.
Biondi terminou sua carreira com um total de 11 medalhas olímpicas.
050 - Sergey Bubka venceu no salto com vara no primeiro Campeonato Mundial de Atletismo em 1983, em Helsinque, mas precisou esperar até 1988 para fazer sua estreia nas Olimpíadas.
Bubka é considerado o maior atleta do salto de todos os tempos, tendo quebrado o recorde mundial 35 vezes em sua carreira. Mas ele não competiu nas Olimpíadas de 1984 em Los Angeles, devido ao boicote da União Soviética.
Em Seul, em 1988, Bubka correu atrás do tempo perdido para ganhar aquela que seria sua única medalha olímpica, saltando uma altura de 5,90 metros para estabelecer um novo recorde olímpico.
Posteriormente, ele competiu pela Equipe Unificada em 1992, mas com o decepcionante resultado das Olimpíadas de Barcelona, não conseguiu registrar uma altura para a final.
Uma lesão sofrida por Bubka resultou em sua ausência nos Jogos de 1996 e, em 2000, ele competiu pela Ucrânia, aos 36 anos de idade. No entanto, nessa época, ele já não gozava de sua melhor forma física e não foi classificado.
051 - As Olimpíadas de Inverno e de Verão de 1988 fizeram história com Christa Luding-Rothenburger, da Alemanha Oriental.
A talentosa patinadora de velocidade já havia conquistado o ouro nos Jogos de Inverno de 1984. Em Calgary, quatro anos mais tarde, ela quase perdeu o ouro na corrida de 500 metros.
No entanto, ela voltou com tudo para vencer o ouro na modalidade de patinação de velocidade, na prova de 1.000 metros, estabelecendo um novo recorde mundial.
Então, apenas dois meses mais tarde, Luding-Rothenburger participa novamente nas Olimpíadas de Verão em Seul, ganhando uma medalha de prata no ciclismo, na prova de perseguição em pista de 1.000 metros.
Essa conquista singular de medalhas nas Olimpíadas de inverno e verão, no mesmo ano, nunca havia sido alcançada antes e ninguém ainda conseguiu repeti-la.
052 - Com o apelido de Flo-Jo, a corredora americana Florence Griffith Joyner foi a sensação da programação feminina no atletismo nos Jogos de Seul de 1988, onde ela conquistou três medalhas de ouro e uma de prata.
Ela começou ganhando os 100 metros rasos com uma margem clara de três metros da conterrânea americana Evelyn Ashford, que defendia o título de campeã.
No entanto, foi na prova dos 200m que a alta corredora deixou sua marca na história das Olimpíadas, com três desempenhos extraordinários.
Na primeira rodada, Griffith Joyner quebrou o recorde olímpico com um tempo de 21,76 segundos, antes de estabelecer um novo recorde mundial de 21,56 nas semi-finais.
A estrela americana derrotou competidoras fortes na final para estabelecer ainda outro recorde mundial de 21,34 segundos.
Ela também ganhou a medalha de ouro no revezamento 4x100m e a medalha de prata no revezamento 4x400m.
053 - Mark Todd se tornou o primeiro cavaleiro a defender um título na modalidade olímpica de equitação de três dias, quando conquistou sua medalha de ouro nos Jogos de 1988.
Em 1984, Todd havia sido o primeiro atleta da Nova Zelândia a vencer uma medalha equestre nas Olimpíadas, quando triunfou na competição de equitação de três dias montado em seu cavalo Charisma.
O neo-zelandês e o cavalo Charisma venceram novamente quatro anos depois, em Seul, e também conquistaram o bronze na competição por equipe.
Mais tarde, Todd conquistou a medalha de prata na competição por equipe nos Jogos de 1992, em Barcelona, antes de garantir o bronze na prova de equitação individual nos Jogos de 2000, em Sydney.
Ele participou dos Jogos de Pequim, em 2008, com 52 anos de idade, terminando na 17ª posição na modalidade individual e em quinto lugar na modalidade por equipe.
054 - Na opinião de muitos, a maior surpresa da história do boxe olímpico aconteceu nos Jogos de 1988, em Seul, quando a medalha de ouro foi negada ao americano Roy Jones Jr após uma decisão altamente polêmica dos árbitros.
Jones, com 19 anos de idade, dominou a final da categoria peso meio-médio ligeiro contra o sul-coreano Park Si-Hun, superando seu oponente com 86 golpes contra 32.
Os comentaristas comentavam que Park precisaria de um milagre na rodada final para poder vencer, tamanha era sua desvantagem na luta. Mas, mesmo assim, foi Park que recebeu a decisão de 3 a 2, incitando a revolta por parte da equipe dos EUA.
Os três juízes foram posteriormente suspensos, mas o coreano manteve sua medalha.
Jones, que mostrou um fantástico espírito esportivo ao aceitar sua medalha de prata no pódio, com elegância, continuaria sua carreira conquistando vários títulos mundiais nas categorias profissionais.
055 - Anthony Nesty se tornou o primeiro campeão do Suriname e o primeiro nadador negro a ganhar uma medalha de ouro com sua vitória emocionante nos Jogos de 1988, em Seul.
Na final dos 100m borboleta, Nesty enfrentou o americano Matt Biondi, que chegaria a alcançar sete medalhas nos Jogos, incluindo cinco de ouro.
Biondi largou com vantagem na final e sua virada foi dentro do tempo do recorde mundial e a alguns metros do término da corrida parecia certo que ele ganharia a medalha de ouro.
Mas a disparada tardia de Nesty o ajudou a tocar a parede 0,01 segundos antes do americano no novo recorde olímpico de 53,00 segundos.
056 - Para a atleta americana Gail Devers, as Olimpíadas de Barcelona de 1992 representaram tanto triunfo como desespero.
Mais conhecida por seus talentos na corrida dos 100 metros com obstáculos, a americana se classificou para a final dos 100 metros rasos femininos antes de conquistar a vitória em uma das corridas mais duras da história do esporte.
Devers e quatro outras corredoras terminaram com diferenças tão pequenas que foi necessário usar uma foto da chegada para separá-las, sendo que, no final, a americana levou o ouro com um tempo de 10,82 segundos.
Em busca do segundo ouro na corrida com obstáculos, ela começou bem a final e parecia estar a caminho da vitória, mas tocou o último obstáculo, perdeu o equilíbrio e caiu no chão perto da linha de chegada, terminando na quinta posição.
Quatro anos mais tarde, nos Jogos de Atlanta de 1996, Devers defendeu com sucesso seu título nos 100m rasos e também ganhou o revezamento 4x100m, mas, mais uma vez, perdeu a medalha na corrida com obstáculos, terminando em quarto lugar na final.
057 - A vitória de Delartu Tulu contra Elena Meyer na corrida de 10.000 metros nos Jogos de Barcelona de 1992 foi significativa por mais de uma razão.
Ao 20 anos de idade, a etíope Tulu fez história ao se tornar a primeira mulher negra africana a vencer uma medalha de ouro olímpica. No entanto, a segunda colocada também entrou para os livros dos recordes.
Tulu e Meyer correram lado a lado no início, mas a última volta da etíope foi surpreendente e ela conseguiu se distanciar da rival e ganhar por quase 6 segundos.
A segunda colocação de Meyer, uma atleta branca da África do Sul, resultou na primeira medalha olímpica de sua nação desde o fim da interdição da África do Sul, em vigor desde 1964 devido ao regime do Apartheid.
Em um gesto de grande espírito esportivo que se tornou uma das mais duradouras imagens dos Jogos: Tulu e Meyer correram sua volta de honra lado a lado, enroladas em suas bandeiras nacionais
.
058 - Fermin Cacho não era considerado um dos medalhistas potenciais na prova masculina dos 1.500 metros nas Olimpíadas de Barcelona de 1992, mas, com a inspiração da torcida do seu país natal, ele surpreendeu com sua vitória.
Noureddine Morceli, campeão mundial de 1991, era o grande favorito, mas, nessa corrida onde os atletas estabeleceram uma velocidade média até a volta final, ele não se destacou em momento algum e terminou em sétimo lugar.
No entanto, o espanhol Cacho aproveitou um espaço que surgiu na parte de trás e disparou à frente quando faltavam 250 metros para o fim da corrida, ultrapassando o marroquino Rachid El-Basir e ganhando com facilidade.
Uma das cenas mais memoráveis da corrida é Cacho olhando nove vezes para trás, por cima dos ombros, nos metros finais da corrida, para saber onde estavam seus rivais.
059 - Steffi Graf era a grande favorita para defender seu título olímpico na partidas individuais femininas de tênis em Barcelona, em 1992, mas a alemã acabou perdendo para a sensação adolescente Jennifer Capriati.
A americana Capriati se tornou profissional aos 13 anos e, aos 15, foi semi-finalista em Wimbledon.
Ela derrotou a favorita espanhola, que jogava em casa, Arantxa Sachez Vicario, em três sets, para jogar a final contra Graf, de quem ela nunca tinha vencido um set nas quatro partidas anteriores que elas haviam jogado.
Mas a talentosa americana se recuperou depois de perder o primeiro set, conquistando uma vitória surpreendente de 3-6, 6-3, 6-4 e ganhando o ouro com apenas 16 anos.
060 - O corredor americano Michael Johnson confirmou seu posto como um dos maiores atletas das Olimpíadas com um extraordinário desempenho em casa, nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996.
Johnson se tornou o primeiro homem da história a ganhar os 200 e 400 metros rasos nas Olimpíadas, correndo a menor distância em 19,32 segundos e superando seu próprio recorde em mais de três décimos de segundo.
Ele também venceu os 400 metros com seu estilo tipicamente dominante, disparando na curva final para terminar quase um segundo à frente do britânico Roger Black.
Apelidado como o 'homem dos sapatos de ouro', devido ao seu tênis dourado personalizado, o estilo de corrida singular de Johnson - costas retas e passos curtos - desafiou a sabedoria convencional que ditava que levantar alto o joelho era essencial para obter velocidade máxima.
061 - Quando tinha apenas 18 anos, Cassius Clay se apresentou ao mundo nas Olimpíadas de Roma de 1960 ganhando sua medalha de ouro no pugilismo. No entanto, seu momento olímpico mais significativo somente aconteceu 36 anos depois.
Conhecido hoje como Muhammad Ali, o atleta mais representativo da história do esporte, na época gravemente debilitado pela doença de Parkinson, foi escolhido para acender a tocha Olímpica na cerimônia de abertura dos Jogos de Atlanta de 1996.
Oitenta e cinco mil espectadores e milhões de pessoas no mundo todo assistiram o ex-campeão peso-pesado desafiar suas pernas trêmulas para acender a pira olímpica.
Foi simplesmente um dos momentos mais comoventes da história de todas as Olimpíadas.
062 - Como um dos maiores atletas das pistas e do atletismo de todos os tempos, Carl Lewis participou dos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, pensando em terminar sua carreira com o quarto título consecutivo no salto à distância.
Uma brilhante onda de sucesso fez com que Lewis repetisse a conquista do legendário atleta americano Jesse Owen em 1936, vencendo os 100 e os 200 metros rasos, o revezamento 4x100m e o salto à distância em Los Angeles.
Mas, em Atlanta, o astro americano Lewis se classificou somente para a final do salto à distância, competindo com 35 anos de idade e não mais no ápice de sua forma física.
Após ter marcado apenas 7,93 na primeira rodada, cometeu uma falta na segunda tentativa, colocando pressão em seu último salto para se qualificar. Mas Lewis conseguiu dar um salto de 8,20 para chegar à final, onde sua terceira tentativa, com 8,50 metros, foi suficiente para garantir o ouro.
Com essa vitória, ele se equiparou às quatro medalhas de ouro consecutivas do lançador de disco americano Al Oerter nas Olimpíadas.
Lewis terminou sua carreira com nove medalhas de ouro olímpicas e uma de prata.
063 - A vitória dupla do americano Michael Johnson nos 200 e 400 metros rasos nos Jogos de Atlanta, em 1996, ficou para a história com uma das maiores conquistas olímpicas, mas não foi uma ocorrência única naquele ano.
A francesa Marie-Jose Perec também conseguiu o mesmo feito e enquanto que Johnson era o favorito para vencer as duas medalhas de ouro, a situação não era a mesma para Perec.
Ela era considerada especialista apenas nos 400 metros rasos e manteve o título conquistado quatro anos antes, em 1992, deixando para trás a australiana Cathy Freeman e batendo um novo recorde olímpico de 48,25 segundos.
Alguns dias depois, a estrela francesa se pôs em linha para competir na final dos 200 metros rasos contra a favorita jamaicana Marlene Ottey, que havia conquistado o ouro nos Campeonatos Mundiais de 1993 e 1995.
Ottey liderou pela curva, mas foi ultrapassada por Perec nos estágios finais.
064 - A nadadora Michelle Smith se transformou em heroína nacional quando se tornou a primeira irlandesa a vencer uma medalha de ouro olímpica.
Smith ganhou ouro nas duas modalidades medley individuais e 400 metros estilo livre nos Jogos de Atlanta, em 1996, mas elas vieram em circunstâncias controversas.
O resultado havia levantado questões, pois em duas últimas Olimpíadas havia apresentado um desempenho fraco, ficando em 17º lugar nos 200m nado costas e, agora, havia subido para tricampeã olímpica e, com isso, eliminando, nada mais nada menos, do que 17 segundos de dois de seus recordes pessoais.
Mais tarde, durante um teste de drogas fora da competição, em 1988, a amostra de urina de Smith apresentou um 'odor muito forte de whisky'.
Investigações mais detalhadas mostraram que a amostra continha traços de whisky 'em quantidade não compatível com o consumo humano' e a Federação Internacional de Natação FINA concluiu que a amostra havia sido adulterada.
Smith foi suspensa por quatro anos, apesar de negar enfaticamente as alegações de que havia quebrado as regras de doping.
065 - Cathy Freeman, a primeira atleta aborígene a competir pela Austrália, triunfou com muita emoção nos 400 metros nas Olimpíadas de Sydney 2000, em casa.
Antes da sua vitória, a nação anfitriã apresentava resultados decepcionantes e Freeman, que levantou a tocha na cerimônia de abertura, representava sua última chance de glória.
Ela terminou a corrida em 49,13 segundos e fez a volta da vitória segurando as bandeiras aborígene e da Austrália, mesmo após a proibição do uso de bandeiras não oficiais nas Olimpíadas.
A bandeira aborígene é oficialmente reconhecida na Austrália, mas não como bandeira nacional e não é reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional. No entanto, Freeman não se importou muito com isso ao celebrar seu feito extraordinário.
066 - Muitos atletas legendários das Olimpíadas são lembrados por suas conquistas nos Jogos, mas o esfuziante Eric Moussambani é lembrado por uma razão bem diferente, e também por um outro nome.
O atleta da Guiné Equatorial só aprendeu a nadar em janeiro de 2000. No entanto, apenas alguns meses depois, viu-se competindo em Sydney graças a um sistema de sorteio concebido para dar oportunidade a competidores de nações em desenvolvimento.
Seus dois rivais nos 100 metros estilo livre foram desqualificados por queimarem a largada, deixando Moussambani para nadar sozinho as duas piscinas. Treinando em uma piscina de 20 metros em seu país natal africano, ele nunca havia nadado uma distância tão grande, o que logo se evidenciou enquanto ele se esforçava para nadar, parecendo estar a ponto de se afogar.
Incentivado pelo público, ele finalmente tocou a borda fazendo o tempo de 1 minuto e 52,72 segundos, mais do que o dobro do tempo dos competidores mais rápidos e até mesmo abaixo do recorde mundial dos 200 metros.
O atleta de 22 anos, além de ganhar a classificação, conquistou os corações do público mundial e ficou famoso com o apelido de 'Eric, a enguia'.
067 - A vitória épica de Steve Redgrave em 2000, nas Olimpíadas de Sydney, no remo, na modalidade quatro sem timoneiro, foi sua quinta medalha de ouro em cinco Olimpíadas consecutivas.
O britânico Redgrave ficou famoso por ter afirmado, após triunfar nos Jogos de Atlanta de 1996 que, se alguém o visse novamente perto de um barco, teria sua permissão para matá-lo. Felizmente, ele voltou atrás nessa decisão.
Seu sucesso na Austrália como integrante do quarteto britânico lhe deu o segundo lugar como atleta que mais competiu em Olimpíadas, atrás apenas da canoísta alemã Birgit Fischer, que ganhou oito ouros em seis Jogos Olímpicos.
Em 2001, Redgrave foi condecorado cavaleiro pela Rainha da Inglaterra.
068 - Após um grande erro, quatro anos antes, Alexei Nemov, com grande estilo, finalmente colocou suas mãos na medalha de ouro de ginástica artística na disputa geral individual nos Jogos de Sydney de 2000.
O atleta russo era o grande favorito ao título individual nas vésperas dos Jogos de Atlanta de 1996, mas perdeu para o campeão mundial Li Xiaoshuang quando cometeu um erro em um salto durante o evento final.
O erro lhe concedeu a medalha de prata, mas sua equipe ficou com o ouro na disputa geral em grupo e ele também venceu no salto, terminando as Olimpíadas com duas medalhas de ouro, uma de prata e três de bronze.
Uma lesão recorrente no ombro nos quatro anos seguintes e uma queda do nível de sua forma física não o colocavam como favorito nos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, mas ele apresentou uma série de desempenhos excepcionais, surpreendendo o público com uma fantástica vitória na disputa geral individual e levando também o ouro na barra fixa, conquistando seis outras medalhas.
069 - Nas Olimpíadas de Sydney de 2000, a derrota de Aleksandr Karelin na final da competição de luta greco-romana de peso super-pesado masculino foi uma das maiores surpresas da história dos Jogos Olímpicos.
Karelin chegou aos jogos como o favorito absoluto para a medalha de ouro, após ter passado 13 anos imbatível no esporte, já tendo conquistado três medalhas olímpicas.
O russo, considerado o maior lutador greco-romano de todos os tempos, enfrentou na final o pouco conhecido americano Rulon Gardner.
Quando a luta entrou na prorrogação, Gardner conseguiu se desvencilhar de seu forte oponente, cujas mãos se separaram da posição travada nas quais os lutadores haviam sido colocados e, como resultado, foi penalizado com a perda de um ponto.
No final da luta, isso lhe custou o recorde do quarto ouro, quando Gardner foi, surpreendentemente, declarado vencedor.
070 - Jan Zelezny chegou aos Jogos de Sydney, em 2000, como bi-campeão olímpico no lançamento de dardo, antes de ganhar seu terceiro ouro aos 34 anos de idade.
Nos dois Jogos anteriores, em Barcelona e Atlanta, o atleta tcheco teve como seu grande rival o britânico Steve Backley, mas ele aparentava ser o favorito ao ouro, pois o britânico não conseguiu impressionar nas rodadas de classificação.
No entanto, Backley voltou com força na final e conquistou o melhor resultado da temporada, com 89,85 em sua segunda tentativa. Mas Zelezny respondeu à altura na terceira rodada, estabelecendo um recorde olímpico com um lançamento de 90,17m.
O esforço garantiu a posição de Zelezny no topo do pódio e o status de lenda como o único homem da história do lançamento de dardo a ganhar três ouros olímpicos.
Seu lançamento de 98,48m em 1996, na Alemanha, ainda é o recorde mundial.
071 - Até os Jogos de Sydney de 2000, os EUA haviam conquistado todas as medalhas de ouro na competição de natação de revezamento masculino 4x100 metros estilo livre.
O quarto nadador americano (âncora), Gary Hall Jr, até previu que, na final, os grandes rivais australianos seriam 'destruídos como guitarras'.
Mas, quando Michael Kilm bateu o recorde mundial dos 100 metros nadando em primeiro lugar, representando os anfitriões, as duas equipes ficaram lado a lado até o grande duelo final entre Ian Thorpe e Hall.
Após a primeira piscina, Hall liderava, mas Thorpe conseguiu ultrapassar o americano, vencendo por meros 0,17 segundos e estabelecendo um novo recorde mundial.
A equipe australiana comemorou com muita energia e os nadadores fingiram tocar guitarras com as mãos, para zombar das previsões de Hall anteriores à corrida.
072 - Andreea Raducan se tornou a primeira ginasta a perder uma medalha olímpica nos Jogos de Sydney de 2000, tudo por causa de dois analgésicos que ela tomou na noite anterior à competição.
A pequena ginasta romena, com apenas 16 anos na época, tinha ganhado a competição geral individual à frente da colega de equipe Simona Amanar, mas foi posteriormente desqualificada porque seu teste deu positivo para pseudoefedrina que, então, era uma substância proibida.
Raducan defendeu sua inocência, dizendo que o médico da equipe da Romênia havia lhe oferecido um medicamento para resfriado e a comunidade de ginastas ficou do lado dela.
Mas, apesar de o Tribunal de Arbítrio Esportivo ter esclarecido que ela não o fez por má fé, a medalha de ouro não foi devolvida e Amanar foi promovida ao ouro.
No entanto, foi permitido que Raducan mantivesse as medalhas de ouro da equipe e de prata no salto, pois os testes não deram positivos depois desses eventos.
073 - O cubano Felix Savon se tornou o terceiro pugilista da história das Olimpíadas a ganhar três medalhas de ouro consecutivas no ringue, com sua vitória na modalidade de peso-pesado, em 2000.
Buscando seguir os passos de seu conterrâneo Teofilo Stevenson e do húngaro Laszlo Papp, em Sydney, Savon sabia que carregava em seus ombros o peso da expectativa.
Tanto na semi-final quanto na final, Savon teve problemas com seu olho esquerdo e, na luta pelo ouro contra o russo Sultanahmed Ibzagimov, o árbitro interrompeu a luta faltando apenas 14 segundos para terminar, para examinar um corte.
Mas ele permitiu que o combate continuasse e Savon concluiu a luta para ganhar confortavelmente por pontos, 21 a 13.
O cubano poderia ter terminado sua carreira com quatro medalhas de ouro se seu país não tivesse boicotado os Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, pois ele havia vencido a primeira de oito lutas amadoras internacionais consecutivas antes dos Jogos, em 1986.
074 - Merlene Ottey é uma das mais bem sucedidas atletas olímpicas que nunca ganhou uma medalha de ouro nos Jogos.
A corredora Ottey ganhou três medalhas de prata e seis de bronze representando a Jamaica entre 1980 e 2000, antes de mudar de nacionalidade para representar a Eslovênia, em 2004.
As últimas medalhas de Ottey foram conquistadas em Sydney, aos 40 anos de idade, no revezamento 4x100 metros, quando atuou como última corredora (âncora) da equipe jamaicana, mas precisou se contentar com a medalha de prata, pois Debbie Ferguson ficou com o ouro para as Bahamas.
Sete anos depois, Ottey também recebeu uma medalha de bronze dos 100m dessa mesma Olímpiada, quando a americana Marion Jones perdeu todas suas medalhas devido a um escândalo envolvendo drogas.
075 - Por sete anos, Marion Jones teve a honra de ser a vencedora de cinco medalhas olímpicas nas pistas e no atletismo dos Jogos de Sydney de 2000.
A americana era a melhor corredora do mundo no final da década de 1990, tendo conquistado dois títulos mundiais na prova dos 100m, tendo estabelecido para si mesma o objetivo de voltar para casa com cinco medalhas de ouro nas Olimpíadas na Austrália.
A ex-estrela do basquete estudantil conseguiu brilhar devidamente nas provas de 100m, 200m e no revezamento 4x400m, tendo também obtido as medalhas de bronze no salto à distância e no revezamento 4x100m.
No entanto, em 2007, ela confessou ter mentido durante as investigações de alta visibilidade da empresa BALCO sobre ter tomado drogas para a melhoria do desempenho durante sua carreira de corredora.
Depois disso, Jones perdeu todas suas medalhas olímpicas e cumpriu uma sentença de seis meses por perjúrio.
076 - As mulheres cubanas fizeram história em 2000, pois fizeram com que Cuba se tornasse o primeiro país a ganhar três medalhas consecutivas no volêi nas Olimpíadas.
Elas eram uma das favoritas para o título nos Jogos de Sydney, tendo vencido os dois torneios olímpicos anteriores, bem como conquistado o ouro nos Campeonatos Mundiais de 1994 e 1998.
No entanto, Cuba venceu pelo caminho mais difícil, enfrentando a Rússia duas vezes pela supremacia. Elas perderam para suas grandes rivais na fase de grupo, mas precisaram enfrentá-las de novo na final, após terem passado pela semi-final vencendo uma partida difícil de cinco sets contra as brasileiras.
Na final, a partida foi acirrada, Cuba liderou os dois primeiros sets, mas acabou perdendo os dois.
Mas, inspiradas por Regla Torres, que havia sido a mais jovem campeã olímpica do vôlei, aos 17 anos, em 1992 e estava no melhor de sua forma física, as cubanas chegaram à vitória, vencendo os três últimos sets.
077 - Venus Williams se tornou a primeira tenista a ganhar duas medalhas de ouro em uma única Olimpíada desde 1924, ficando com os títulos individual e em dupla nos Jogos de Sydney de 2000.
Williams chegou aos Jogos de 2000 como campeã de Wimbledon e do US Open e, após vencer difíceis partidas de três sets contra Arantxa Sanchez Vicario, da Espanha, nas quartas-de-final e contra a conterrânea americana Monica Sales na semi-final, chegou ao ouro con facilidade, vencendo a russa Elena Dementieva na final com um placar de 6-2 e 6-4.
A tenista de 20 anos fez dupla com sua irmã Serena.
A dupla defendeu seu título em Wimbledon daquele ano com uma vitória fácil de 6-1 e 6-1 na final, conquistando a medalha de ouro. Elas repetiriam essa vitória nas duplas oito anos depois, em Pequim.
078 - O corredor marroquino de média distância Hicham El Guerrouj acabou com sua longa espera por uma medalha olímpica de ouro com grande estilo nos Jogos de Atenas, em 2004.
Depois da decepção nos Jogos de Atlanta, em 1996, quando ele tropeçou e caiu, e da medalha de prata que ele ganhou em Sydney, quatro anos depois, El Guerrouj roubou o show na Grécia, quando se tornou o primeiro homem em 80 anos a ganhar as corridas de 1.500 e 5.000 metros na mesma Olimpíada.
El Guerrouj liderou a final dos 1.500m, chegando à volta final sendo seguido de perto por Bernard Lagat. Lagat emparelhou quando faltavam 100m para terminar a corrida e passou para a liderança, mas o marroquino o ultrapassou, assegurando a vitória.
El Guerrouj ainda não tinha terminado, pois, quatro dias depois, na final dos 5.000m, teve uma disputa acirrada com o etíope Kenenisa Bekele, que já havia conquistado o ouro nos 10.000m.
Em uma corrida tensa, Bakele e El Guerrouj ficaram páreo a páreo até que El Guerrouj conseguiu ultrapassar seu rival para garantir sua histórica segunda medalha de ouro nos Jogos.
079 - Nos Jogos de Atenas de 2004, Birgit Fischer saiu de sua aposentadoria, aos 42 anos de idade, para fazer uma última aparição nas Olimpíadas.
As conquistas de Birgit na arena olímpica antes do evento de 2004 já a haviam transformado no maior nome da canoagem, pois a atleta alemã já havia conquistado 10 medalhas olímpicas, incluindo sete de ouro.
Ela foi à Grécia para tentar adicionar mais sucessos à sua carreira olímpica, iniciada em Moscou, em 1980. Foi exatamente isso que ela fez.
Fischer triunfou na modalidade caiaque K4 e também ganhou a medalha de ouro na modalidade caiaque K2, ambas acima de 500m, para encerrar sua carreira com 12 medalhas, tornando-se também a única mulher a ganhar medalhas olímpicas em um período de 20 anos.
080 - Cian O'Connor foi recebido como herói no Aeroporto de Dublin, ao retornar para a Irlanda após os Jogos Olímpicos de Atenas de 2004, mas sua alegria não duraria muito.
O cavaleiro de Kildare tinha conquistado o ouro na competição individual de hipismo clássico em Atenas montando seu cavalo 'Waterford Crystal'. Ele foi o único campeão irlandês nos Jogos.
No entanto, em outubro de 2004, veio a notícia de que uma amostra do sangue do cavalo continha uma substância proibida.
Outras polêmicas surgiram quando a amostra 'B' foi roubada dos escritórios da Federação Equestre Irlandesa. Mas, como a amostra 'B' também deu resultado positivo, O'Connor perdeu sua medalha de ouro e foi suspenso da competição por três meses.
O irlandês sempre defendeu sua inocência, dizendo que o cavalo havia tomado um sedativo oferecido por um veterinário como parte do tratamento contra uma lesão antes das Olimpíadas.
081 - Os EUA foram para as Olimpíadas de Atenas de 2004 como os grandes favoritos para a quarta medalha de ouro consecutiva no basquete masculino. No entanto, apesar de contar com um time repleto de estrelas da NBA, os americanos acabaram sofrendo três derrotas e tiveram que se contentar com a medalha de bronze.
Após perder duas partidas na fase de grupo, para a Lituânia e Porto Rico, os EUA conseguiram superar a Espanha nas quartas-de-final para enfrentar a Argentina na semi-final.
Com as duas equipes contando com alguns dos melhores jogadores da NBA, foi o trio argentino, composto por Manu Ginobili, Andres Nocioni e Walter Hermann, que brilhou para inspirar seu time na vitória de 89 a 91, em uma partida onde os argentinos demonstraram superioridade o tempo inteiro.
A Argentina avançou, derrotando a Itália e conquistando a medalha de ouro, enquanto que o time americano recuperou um pouco de seu orgulho ao vencer a Lituânia na disputa pelo bronze.
082 - Fani Halkia levou a multidão do Estádio Olímpico à loucura vencendo a prova feminina dos 400 metros com obstáculos em casa, nas Olimpíadas de Atenas de 2004.
A ex-saltadora em altura estava apenas em sua segunda temporada como corredora com obstáculos e não era, de forma alguma, considerada favorita nos Jogos de 2004.
Mas, mesmo assim, superou o recorde olímpico, terminando a semi-final em 52,77 segundos, garantindo uma boa posição na final.
A campeã mundial de 1999, a australiana Jana Pittman, era a favorita para o ouro, mas ela não havia se recuperado de uma cirurgia realizada no joelho, e não conseguiu manter a velocidade nos últimos 100 metros, com a corredora grega Halkia avançando firme para vencer.
A vitória, o único ouro da Grécia nas pistas de atletismo em 2004, deu à nação anfitriã um motivo de comemoração após o escândalo envolvendo os corredores gregos Kostas Kenderis e Ekaterina Thanou.
083 - Perdita Felicien era a grande favorita ao ouro na final feminina dos 100 metros com obstáculos nas Olimpíadas de Atenas de 2004, especialmente porque era a campeã mundial na época.
A canadense havia estabelecido o tempo recorde de 12,49 segundos nas semi-finais e assumiu sua posição na pista cinco.
No entanto, Felicien avançou no primeiro obstáculo rápido demais com sua primeira perna, batendo na barreira, caindo na pista seis e, com isso, levando consigo a russa Irina Shevchenko.
Com a ausência de Felicien, a americana Joanna Hayes acabou ficando com a vitória, estabelecendo um novo recorde olímpico de 12,37 segundos, embora ela tenha precisado esperar para receber sua medalha de ouro, enquanto a equipe russa tentava, em vão, convencer os oficiais a repetirem a prova.
084 - Antes da corrida final da competição masculina de windsurf, nas Olimpíadas de Atenas, Ricardo Santos já tinha uma mão na medalha de ouro, pois havia liderado as primeiras 10 corridas.
No entanto, o brasileiro conseguiu terminar apenas em 17º lugar, na última corrida, abrindo a porta para Gal Fridman fazer história como o primeiro campeão olímpico de Israel.
Fridman garantiu sua presença no livro dos recordes após ter terminado em segundo lugar na 11º corrida na competição da classe Mistral.
O impacto da vitória de Fridman foi sentido em toda Israel, com os canais de televisão interrompendo programas para mostrar os últimos estágios da final.
Posteriormente, Fridman dedicou sua medalha de ouro aos 11 atletas e treinadores israelenses assassinados por militantes palestinos durante os Jogos de Munique de 1972.
085 - O escândalo envolvendo os corredores Kostas Kenteris e Katerina Thanou ofuscou o início dos Jogos Olímpicos de 2004.
A previsão era de que a dupla proporcionaria algumas medalhas de ouro nos Jogos em casa, em Atenas, com Kenteris, defensor do título de campeão nos 200m e Thanou, medalhista de prata dos 100m em 2000.
No entanto, os dois perderam um exame de doping na véspera dos Jogos, dizendo que a culpa se devia a um acidente de motocicleta. Subsequentemente, eles foram expulsos das Olimpíadas.
Em maio de 2011, após quatro anos de discussões, o tribunal condenou os atletas pelo crime de perjúrio e os sentenciou a uma pena de condenação condicional por terem organizado o acidente para evitar o teste de doping.
Seu treinador, duas testemunhas do suposto acidente e vários médicos que cuidaram dos atletas no hospital na época também receberam sentenças leves, por terem participado da farsa.
086 - Naquilo que apenas pode ser descrito como um dos incidentes mais bizarros da história das Olimpíadas, as chances do brasileiro Vanderlei de Lima de conquistar a medalha de ouro na maratona nos Jogos de Atenas de 2004 foram destruídas por um irlandês vestido de padre.
De Lima parecia estar no controle da corrida masculina a apenas 6,5 km da linha de chegada, assegurando uma vantagem de 25 segundos em cima dos seus rivais mais próximos.
Mas, nesse momento, um manifestante bêbado, vestido com roupa de padre, correu para a rua e empurrou o brasileiro para cima do público presente.
Apesar de ter conseguido voltar à corrida logo depois, De Lima foi ultrapassado por dois corredores e teve que se contentar com a medalha de bronze.
O resultado foi mantido, mas após a cerimônia de encerramento, o corredor de longa distância foi homenageado por sua atitude honesta e sua extraordinária demonstração dos valores olímpicos, recebendo a Medalha Pierre de Coubertin do Comitê Olímpico Internacional.
087 - Michael Phelps garantiu seu nome nos livros de história ao quebrar o recorde de maior número de medalhas de ouro em uma única Olimpíada com a incrível conquista de oito medalhas em Pequim, em 2008.
O americano, além de melhorar seu recorde de seis medalhas de ouro e duas de bronze em Atenas, quatro anos antes, também ultrapassou o marco do seu colega de natação americano, Mark Spitz, que havia conquistado sete medalhas de ouro nas Olimpíadas de Munique, em 1972.
Tendo já garantido seu sucesso nos 400 metros medley, 200m nado livre, 200m borboleta, revezamento 4x100m nado livre, revezamento 4x200m nado livre, 200m medley e 100m borboleta, Phelps completou sua avassaladora conquista no revezamento masculino 4x100 medley, liderando seus colegas de equipe Aaron Peirsol, Brendan Hansen e Jason Lezak em um tempo que se tornou recorde mundial.
Depois da conquista, ele afirmou, radiante: 'Nada é impossível. Com tantas pessoas dizendo que não era possível, tudo o que precisei foi imaginação. Isso foi algo que aprendi e que me ajudou.
088 - O desempenho espetacular de Usain Bolt para ganhar a final dos 100 metros rasos foi um dos maiores feitos da história das Olimpíadas e, certamente, dos Jogos Olímpicos de Pequim de 2008.
O corredor jamaicano, além de confirmar seu status de homem mais rápido do planeta, o fez sem mostrar uma única gota de suor. Ele nem sequer amarrou os cadarços do tênis.
Bolt estraçalhou seu próprio recorde mundial, cruzando a linha em 9,69 segundos. Sua conquista foi ainda mais extraordinária pelo fato de estar correndo contra um vento desfavorável, além disso, antes do final da corrida, ele desacelerou de forma bem visível, para comemorar.
Suas ações levaram a acusações de desrespeito por parte da IAAF, mas seu entusiasmo contagiante conquistou milhões de fãs no mundo todo.
Mais tarde, ele afirmou: 'Vim aqui para provar que sou o melhor do mundo e o fiz. Vim aqui com um plano e o coloquei em prática.'
089 - O mundo do salto com vara feminino era dominado por Yelena Isinbayeva muito antes de ela conquistar seu inevitável ouro nas Olimpíadas de Pequim de 2008.
Todo mundo sabia que ela ganharia, mas queriam ver se ela conseguiria repetir seu feito de quatro anos atrás, estabelecendo um novo recorde mundial no maior palco do esporte.
Apenas três semanas antes, ela havia saltado 5,04 metros, mas, no Estádio Ninho de Pássaro, falhou em sua primeira tentativa de 5,05 metros.
Mesmo assim, a russa controlou seus nervos na terceira tentativa e gritou empolgada ao atingir o solo, tendo acabado de estabelecer seu 24º recorde mundial.
090 - O ciclista Chris Hoy se tornou o primeiro britânico em 100 anos a ganhar três medalhas de ouro na mesma Olimpíada, dominado os eventos no velódromo de Pequim, em 2008.
Após ter vencido a corrida em equipe com Jamie Staff e Jason Kenny, Hoy venceu seu colega de equipe britânica Ross Edgar na modalidade keirin e, posteriormente, derrotou Kenny ganhando a prova de velocidade.
Tendo também conquistado a medalha de ouro em Atenas 2004, na modalidade de 1km contra o relógio que, depois disso, foi eliminada das Olimpíadas, o sucesso de Hoy é representado por suas quatro medalhas de ouro em quatro eventos diferentes na pista de ciclismo.
O atleta escocês fez parte da forte equipe britânica em Pequim, que ganhou nada mais nada menos do que sete das 10 medalhas de ouro da pista de ciclismo.
091 - A carreira do nadador holandês Maarten van der Weijden parecia ter terminado quando recebeu o diagnóstico de leucemia, em 2001.
Ele também chegou a temer por sua vida, pois seu corpo não respondeu ao tratamento de quimioterapia que recebeu. No entanto, após dois dolorosos anos lutando contra incertezas e adversidades, ele finalmente venceu a doença e foi capaz de voltar ao esporte.
Van der Weijden conseguiu se qualificar para a primeira maratona de natação de 10 quilômetros nas Olimpíadas de Pequim, marcando um retorno perfeito.
O britânico David Davies começou na liderança, seguido de perto pelo nadador Spyridon Giannotis e Thomas Lurz. Com o desenvolvimento da corrida, Van der Weijden continuava atrás do grupo de liderança, mas, no último quilômetro, o holandês começou seu contra-ataque.
A competição terminou de forma dramática, com Van der Weijden e Davies nadando lado a lado até que, quando faltavam 20 metros do final, o atleta holandês assumiu a dianteira, ganhando por apenas 1,5 segundos.
Van der Weijden se aposentou naquele mesmo ano, após ter sido nomeado Atleta Holandês do Ano.
092 - A competidora holandesa Anky van Grunsven fez história na modalidade equestre de adestramento nas Olimpíadas de 2008, sua sexta participação nos Jogos.
A talentosa cavaleira, que competiu pela primeira vez em Seul, em 1988, teve um desempenho extraordinário montada em seu cavalo 'Salinero', marcando 78,680% em sua prova individual, o que lhe garantiu sua terceira medalha de ouro consecutiva nessa modalidade.
Ela venceu sua grande rival Isabel Werth, da Alemanha, a campeã individual dos Jogos de Atlanta de 1996, que teve que se contentar com a medalha de prata.
Van Grunsven também conquistou a medalha de prata na modalidade de adestramento por equipe em Pequim, elevando sua conquista olímpica a um total de três medalhas de ouro e cinco de prata.
093 - Janos Baranyai era o único representante da Hungria na competição de levantamento de peso nos Jogos de Pequim de 2008, mas sua estreia virou um pesadelo para o ex-competidor de judô.
Durante uma tentativa de levantar 148 quilogramas em sua terceira tentativa na categoria masculina de 77 quilos, o cotovelo de Baranyai escapou do encaixe e ele não conseguiu aguentar o peso da barra, que caiu com ele no chão.
O atleta de 24 anos de idade ficou caído no chão, tremendo, com seu antebraço direito virado para trás e torcido, enquanto os oficiais se apressavam para ajudá-lo.
Baranyai foi levado urgentemente ao hospital, onde se confirmou que ele havia deslocado seu cotovelo direito
094 - O corredor especialista em provas de obstáculos Liu Xiang levava as esperanças de uma nação às costas nos Jogos de Pequim de 2008.
Ele detinha o recorde mundial da prova de 110 metros com obstáculos, além de ser o campeão mundial e o campeão olímpico da época.
Além disso, era um dos atletas mais conhecidos do país anfitrião e o favorito para defender o título olímpico em casa. No entanto, um problema com seu tendão de Aquiles acabou com seu sonho olímpico.
Toda a nação anfitriã respirou com alívio quando ele entrou na primeira rodada de corridas com obstáculos. Mas o alívio se transformou em choque, quando, mancando, ele se afastou dos blocos iniciais, após mais uma largada queimada.
A decepção e a agonia estavam estampadas em seu rosto quando ele deixou as pistas. O treinador Sun Haiping chorou durante quase toda a conferência à imprensa, enquanto os torcedores estavam aos prantos do lado de fora do Estádio Ninho de Pássaro.
095 - Kosuke Kitajima, do Japão, fez história nas Olimpíadas de Pequim de 2008 ao se tornar o primeiro nadador a ganhar duas vezes as duas provas de nado peito.
Kitajima venceu as provas de 100 e 200 metros em Atenas, em 2004, além de ter conquistado o bronze no revezamento 4x100m medley.
Ele repetiu esse feito ganhando as mesmas três medalhas em Pequim, desta vez estabelecendo um novo recorde mundial com sua vitória nos 100m e um novo recorde olímpico nos 200m.
Sua vitória na China foi ainda mais doce pelo fato de ter derrotado seu forte oponente Brendan Hansen, dos EUA, que, antes dos Jogos, detinha os recordes mundiais das provas de 100 e 200 metros.
096 - Em 2008, em Pequim, enquanto Usain Bolt estava concentrado em correr até o final da linha para quebrar o recorde mundial dos 200 metros, de 19,30, outra história se desenrolava nas pistas.
Todos os rivais jamaicanos reconheciam que estavam lutando pelas medalhas de prata e bronze, especialmente após a fantástica vitória de Bolt nos 100m, alguns dias antes.
O americano Shawn Crawford estava defendendo seu título olímpico e, na saída da curva, estava bem posicionado, mas Churandy Martina (prata) e Wallace Spearman (bronze) saíram em disparada nas pistas sete e nove, respectivamente, dando a impressão que iriam se unir a Bolt no pódio.
No entanto, protestos distintos foram feitos contra o americano Spearmon e, mais tarde, contra Martina, das Antilhas Holandesas, e ambos foram posteriormente desqualificados por terem corrido fora de suas pistas na curva, fazendo com que Crawford e o conterrâneo americano Walter Dix fossem promovidos a prata e bronze, respectivamente.
Todos os quatro homens correram 20 segundos atrás de Bolt, naquela que foi a final mais memorável dos 200 metros rasos da história.
097 - O tricampeão de ouro Usain Bolt não foi o único jamaicano a quebrar recordes nas corridas das Olimpíadas de Pequim de 2008, pois as mulheres dessa nação também roubaram o show.
A final feminina dos 100 metros teve três americanas contra três jamaicanas, em uma corrida bastante aberta, onde não havia uma favorita definida para o ouro.
No entanto, as americanas Torri Edwards e Muna Lee hesitaram na saída, achando que alguém havia queimado a largada, e isso permitiu que Shelly-Ann Fraser disparasse na pista quatro para vencer confortavelmente, em 10,78 segundos.
Suas colegas de equipe, Kerron Stewart e Sherone Simpson, empataram na luta pelo segundo lugar e compartilharam a medalha de prata, dando para a Jamaica o primeiro pódio completo da história da prova feminina dos 100 metros rasos nas Olimpíadas.
098 - O cubano Angel Matos perdeu a cabeça nas circunstâncias mais dramáticas nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.
Matos foi desqualificado por ter demorado tempo demais em uma interrupção por lesão durante sua tentativa de obter a medalha de bronze na divisão masculina de taekwondo peso-pesado contra Arman Chilmanov, do Cazaquistão. Ele vencia por 3 a 2.
Matos chutou o juiz na cabeça, em uma reação furiosa contra a decisão e empurrou outro árbitro, antes de ser levado para fora da arena.
O cubano, que havia conquistado o ouro na divisão de peso meio-médio nos Jogos de Sydney de 2000, recebeu uma suspensão definitiva por suas ações, sendo que seu momento de loucura ofuscou a competição de taekwondo na China.
099 - Nas Olimpíadas de 2008, o comportamento de Ara Abrahamian, contrário ao espírito olímpico, resultou na desqualificação do lutador greco-romano pelo Comitê Olímpico Internacional.
O sueco participava dos Jogos como medalhista de prata do peso-pesado ligeiro das Olimpíadas de Atenas de 2004, mas, na luta da semi-final em Pequim contra aquele que, posteriormente, seria o vencedor, Andrea Minguzzi, Abrahamian perdeu a cabeça quando a vitória foi concedida ao italiano.
Ele precisou ser contido pelos oficiais das equipes enquanto confrontava raivosamente os árbitros contra a decisão.
Depois disso, Abrahamian passou pela fase de repescagem da divisão de 84 quilogramas para ganhar a medalha de bronze, mas trouxe ainda mais polêmica na cerimônia de premiação.
Abrahamian jogou ao chão sua medalha de bronze, logo após ela ter sido colocada em seu pescoço, descendo rapidamente do pódio e deixando a arena, após dar um soco em uma barreira de alumínio, antes de sair.
Logo em seguida, ele anunciou sua decisão de se aposentar da luta, mas, de qualquer forma, posteriormente, ele foi desqualificado devido às suas ações.
100 - Rohullah Nikpai ganhou a primeira medalha olímpica do Afeganistão com seu bronze no taekwondo nos Jogos de Pequim, em 2008.
Após ter perdido as quartas-de-final contra Guillhermo Perez, do México que, posteriormente, ficou com o ouro, Nikpai venceu a repescagem para ganhar sua medalha de bronze, derrotando o bicampeão mundial Juan Antonio Ramos na divisão peso-mosca.
Nikpai passou os primeiros 10 anos de sua vida como refugiado no Irã, antes de retornar para Kabul após o colapso do regime do Taliban.
Após seu sucesso na China, ele teve uma recepção de herói e os afegãos comemoraram sua medalha de bronze no Estádio Ghazi. em Kabul, onde. há menos de uma década, o Taliban havia executado mulheres, apedrejando-as até a morte.







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